Ela é mulher, ela é negra, ela é ministra. Matilde Ribeiro, ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, pode se orgulhar de fazer parte de um reduzidíssimo grupo de mulheres que comete o pecado mortal de chegar ao poder. E pode dizer, com orgulho, que chegou lá embora faça parte de dois grupos altamente discriminados: as mulheres e os negros.
E, talvez por isso, deveria ser triplamente cuidadosa ao escolher palavras em suas aparições públicas. Sua declaração à BBC na terça-feira (27/3) conseguiu fazer com que a ministra ganhasse espaço em toda a mídia, o que não tinha acontecido em quatro anos de governo.
A frase "não é racismo quando um negro se insurge contra um branco" vai custar muito caro à ministra. Acusada de incitar o racismo (até pediram sua cabeça), Matilde Ribeiro vai precisar de um milagre para ter outra chance de ganhar o mesmo espaço na mídia que conquistou no fim de março. Como a imprensa parece ter uma predileção especial por destacar mulheres apenas quando elas saem da linha (exceção feita às que ajudam a reforçar o mito da mulher-objeto), as chances de Matilde Ribeiro entrar para a história como a "ministra racista" são muito grandes.
sábado, 7 de abril de 2007
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